Neste editorial eu gostaria de compartilhar com a comunidade um aprendizado: lições aprendidas do que um periódico científico pode proporcionar aos colegas pesquisadores ao optar por não publicar o manuscrito submetido. Em algum momento, a rejeição de trabalhos acontece com todos nós, e pode ser uma experiência de aprendizado e desenvolvimento (Sullivan, 2015).
Um dos aspectos mais frequentemente considerados na caracterização de distinção de um periódico científico é a sua taxa típica de aceitação, ou de rejeição, de submissões (McGrail, Rickard, & Jones, 2006). Tendo em vista a relevância desse parâmetro para autores, editores e leitores, pesquisadores nas últimas décadas têm dedicado atenção a investigar variações de taxa de rejeição conforme a área de conhecimento, e evidentemente de um periódico para outro (Hargens, 1988).
Algumas revistas consideram todos os manuscritos recebidos como base para calcular essa taxa. Outras revistas permitem que o editor escolha quais artigos serão enviados aos revisores, e calcule a taxa de aceitação com base nos manuscritos que são revisados pelos pares, que evidentemente é menor que o total de manuscritos recebidos.
Além disso, alguns editores não mantêm registros precisos sobre esses dados e fornecem apenas uma estimativa aproximada. A esse respeito, os resultados encontrados por Hargens (1988), apontam ainda que a variação da quantidade de submissões não afeta a ocorrência de submissões, refutando o argumento de que a limitação de espaço para publicação explica a variação na taxa de rejeição.
Com frequência, indivíduos estão interessados em saber a taxa segundo a qual periódicos costumam aceitar submissões para publicação na oportunidade de escolha de um periódico para tal. A American Psychological Association (Summary Report of Journal Operations, 2018), por exemplo, costuma manter atualizados anualmente números acerca da taxa de rejeição em periódicos no campo de conhecimento de seu interesse. Essa entidade científica reporta percentual típico de 70% de rejeição entre as quase 12.000 submissões recebidas em 2017. Contudo, a identificação de taxas de aceitação praticada por periódicos, ou em disciplinas específicas, pode ser difícil.
Apresentam-se como necessárias informações para atividades relacionadas à promoção e contratação de profissionais de pesquisa, dos quais se espera desempenho em termos de publicação (McGrail et al., 2006). Portanto, a decisão acerca de onde submeter trabalhos de pesquisa é algo relevante para profissionais de pesquisa (Heintzelman & Nocetti, 2009). Com frequência assume-se que revistas com taxas mais baixas de aceitação de artigos são consideradas mais prestigiadas, ou até mesmo mais meritórias.
Todos nós recebemos cartas de rejeição de artigos submetidos, às vezes mais que desejaríamos receber. De fato, é desanimador quando um manuscrito, fruto de árduo trabalho de pesquisa, é rejeitado por um periódico científico. Os indivíduos pesquisadores trabalham muito para realizar pesquisas. Eles frequentemente apresentam seu trabalho em conferências, e/ou submetem artigo de pesquisa para publicação. Quando suas apresentações são aplaudidas pelo público, pesquisadores sentem-se incentivados a publicar seus artigos. No entanto, seus trabalhos, por diferentes motivos, podem acabar não sendo priorizados pelos editores e revisores quando a pesquisa é submetida a uma revista (Khadilkar, 2018).